segunda-feira, 7 de setembro de 2020

A saga do joelho de vidro

Muitos se enganam quando pensam que o nome And-rey Mysterio é apenas uma genialidade silábica associando o nome do autor do blog com o consagrado lutador Rey Mysterio. A verdade é que eu realmente tenho algo a ver com este pequeno mascarado - e não - infelizmente eu não uso uma máscara com um moicano, eu apenas tenho um joelho de vidro que facilmente se torce como uma borracha, mas ao contrário de uma borracha eu costumo a gritar de dor como uma menininha quando isso acontece.

O mais fascinante de toda a minha saga de lesões no joelho é a forma estúpida como todas elas aconteceram, sendo praticamente um resumo de como tudo funciona na minha vida. Tudo começou quando eu estava treinando embaixadinhas sozinho no quintal de casa, e tinha aproximadamente 8 anos de idade. O quintal era relativamente espaçoso e o único objeto entre eu e a bola era um Fusca branco estacionado ao centro.

A minha grande meta era bater o meu recorde de 4 embaixadinhas, quando acabei me atrapalhando com o carro e ao tentar concluir a quinta embaixadinha, de alguma forma que nem o destino explica eu virei o joelho. Sim, eu consegui me lesionar fazendo embaixadinha sozinho em casa. A boa notícia é que algum tempo depois eu finalmente bati o meu recorde. Hoje consigo dez.

A segunda lesão aconteceu de forma dramática e já relatado neste blog. Foi no fatídico episódio do Interclasse, e deixando bem claro, eu não pipoquei, pois a menina para quem eu tentava impressionar havia indo embora antes do meu jogo, não fazendo sentido passar por todo aquele vexame... digo... ah vocês entenderam, não pipoquei.

Poucos anos foram suficientes para que eu esquecesse do poder do meu joelho em infernizar a minha vida, mas na terceira lesão eu não culpo o joelho, e sim o meu cérebro imaturo de um estudante do sétimo ano. Eu tinha uma mania peculiar naquele ano: pular de lances de escada no horário de saída. Eu era bom nisso, e em certo dia comecei a me gabar para o meu amigo, afinal de contas pular alguns degraus era uma grande coisa para mim que exalava falta de habilidade em qualquer coisa. Foi quando meu amigo com um sorriso sagaz me propôs um desafio que consistia em pular os dois últimos lances de escada, mas com a mochila nas costas contendo cadernos e livros.

Eu já havia pulado aqueles lances algumas vezes, mas com a mochila era algo inédito para mim. No início recusei a proposta, mas após ser ridicularizado com uma imitação de galinha, não tive escolha a não ser pular em nome de minha honra e o legado de melhor saltador de escadas da 7ª D. Logicamente eu saltei e o peso da minha mochila fez a minha aterrissagem ir de joelho ao chão. Eu só conseguia ouvir a gargalhada do meu colega que no momento em que escrevo isso questiono sua real amizade (desgraçado!). Consegui segurar o choro até chegar em casa mancando, quando sentei no sofá e chorei copiosamente.

E finalmente a última vez de lesão aconteceu ainda na infância, impressionante como 13 anos foram suficientes para destruir um pobre joelho. Na ocasião eu brincava com outros três amigos de polícia e ladrão com nossas bicicletas. A regra era clara, só podia andar no quarteirão e algumas quadras ao lado. Dois indivíduos são policiais e os outros dois os ladrões que devem fugir e escolher a melhor estratégia para se esconder fora da área permitida para gerar brigas e confusões tradicionais deste tipo de brincadeira.

Eu e um colega éramos os policiais, então avistei um dos petulantes de ladrão e parti em sua direção e mandei meu colega o cercar pela outra rua, foi quando ele se atrapalhou com sua bicicleta e colidiu com a minha. É exatamente isso que você está lendo, minha última lesão no joelho foi ocasionada em uma queda de bicicleta onde O CARA QUE ERA DO MEU TIME ME ACERTOU.

Com lágrima nos olhos de dor e indignação, confrontei o cidadão, que se justificou dizendo que entendeu a direção errada e em seguida entrou para a sua casa irritado com o meu drama de não conseguir compreender como uma situação dessas aconteceu. Em repúdio peguei minha bicicleta e desisti da brincadeira sem avisar também. Os dois ladrões não presenciaram esta cena, e imagino que estejam em fuga até o momento desta publicação.

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